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Sócios argentinos querem mudar imagem

Por Daniel Rittner – Valor

De Brasília

Insatisfeita com a imagem difundida no Brasil, após ter arrematado a concessão dos aeroportos de São Gonçalo do Amarante e de Brasília, a operadora Corporación América sugere que "vejam como começou e como terminou a nossa história" de renegociações contratuais com o governo argentino.

"Fomos uma das poucas empresas de serviços públicos cujo contrato a comissão de renegociação criada pelo presidente Néstor Kirchner acabou aprovando", afirmou ao Valor o diretor da companhia para negócios na América Latina, Ezequiel Barrenechea. "Os contratos anteriores eram obsoletos e não acompanhavam mais a situação do país", acrescentou o executivo, em referência à crise de 2001.

Em outros casos, lembrados pelo próprio Barrenechea, a renegociação não foi bem-sucedida e as empresas foram reestatizadas. Isso ocorreu com o Correo Argentino (que havia ficado nas mãos do empresário local Franco Macri, pai de Mauricio Macri, prefeito de Buenos Aires e arquirrival político do casal Kirchner) e com a Aguas Argentinas (então controlada pela francesa Suez e hoje rebatizada como AySA).

Em seu país de origem, a Corporación América controla a Aeropuertos Argentina 2000 (AA2000), que ganhou a licitação de 33 aeroportos concedidos em bloco, em 1998, na reta final da "era Menem".

Quatro anos depois, a Auditoría General de la Nación (órgão fiscalizador do Poder Executivo) denunciou que a AA2000 descumpria suas obrigações contratuais e acumulava dívidas de US$ 104 milhões, devido ao atraso no pagamento dos royalties.

"O governo Kirchner formou uma comissão de renegociação na qual estavam a AA2000 e mais nove ou dez empresas de eletricidade, águas, trens. De todos os contratos renegociados, com cláusulas modificadas, um dos poucos firmados foi conosco", afirmou Ezequiel Barrenechea.

Depois de São Gonçalo do Amarante, a Corporación América repetiu a dobradinha com a Engevix e venceu o leilão pelo aeroporto de Brasília, com 50% de participação de cada empresa no consórcio. A assinatura do contrato de concessão está prevista para a primeira semana de maio.

Barrenechea diz que Brasília tem vocação para tornar-se um "hub" de voos internacionais para distribuir os passageiros para destinos brasileiros. A operação deverá ser a maior da Corporación América nos sete países onde atua, incluindo agora o Brasil.

O executivo lembra que no Uruguai, onde detém a concessão dos aeroportos de Montevidéu e de Punta del Este, a Corporación América também foi recebida com desconfiança. "Suspeitavam que sucatearíamos Montevidéu para privilegiar o Aeroparque (aeroporto central de Buenos Aires)", afirma.

Em dezembro de 2009, pelo contrário, o grupo inaugurou um novo terminal de passageiros que é referência em matéria de arquitetura. Em oito anos de concessão, o movimento duplicou, passando de 827 mil para 1,654 milhão de passageiros e transformando a capital uruguaia em centro de conexões para o Cone Sul. A capacidade do novo terminal é de quatro milhões de passageiros.

O grupo argentino também opera os aeroportos equatorianos de Guayaquil (com um projeto vanguardista) e de Galápagos (com certificação ecológica), além de cinco aeroportos no interior do Peru, de um terminal regional na Itália e do principal aeroporto da Armênia. Está fortemente interessado na privatização dos aeroportos espanhóis.

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