Pular para o conteúdo principal

Pizzaria de SP faz delivery com drone e entra na mira de Anac e FAB

Em teste, drone entregou pizza de pepperoni em cobertura de Santo André.
Donos do estabelecimento não pediram autorização para realizar sobrevoo.


Helton Simões Gomes
Do G1, em São Paulo

Distante até agora, a ideia de receber na janela de casa a entrega de pizzas trazidas por drones começa a se materializar para o brasileiro. Uma pizzaria de Santo André (SP) testou levar o prato até a casa de um cliente com um veículo aéreo não tripulado (vant). Como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Força Aérea Brasileira (FAB) têm de autorizar sobrevoos como esse, o que não foi sequer solicitado, o caso será investigado, informaram os órgãos ao G1. Se o intuito do estabelecimento comercial for criar uma frota de drones que substitua os motoboys de carne e osso, terá antes que aguardar a regulação da Anac sobre o tema.

Pizzaria de Santo André (SP) testa entrega com drones. (Foto: Reprodução/YouTube)Pizzaria de Santo André (SP) testa entrega com drones. (Foto: Reprodução/YouTube)

O teste de delivery ocorreu em outubro, mas a Vero Verde só liberou imagens do drone-motoboy nesta quinta-feira (11). Inspirado por experiências internacionais, como a da Amazon que prepara um sistema de entrega de produtos feito por drones para derrubar o prazo de espera para 30 minutos e da pizzaria Domino's, o teste brasileiro foi conduzido por um quadcóptero (quatro hélices) capaz de percorrer um raio de 1,5 quilômetros a 40 km/h.

O voo foi feito pelo bairro dos Jardins e filmado não só pela câmera acoplada ao drone-motoboy como também por um vant cinegrafista. O destino da entrega era uma cobertura nas imediações da pizzaria. O caminho de um lugar a outro durou cinco minutos, quase a metade do tempo caso o veículo escolhido fosse uma moto, estima Ernesto Júnior, sócio-proprietário da Vero. "É um pouco complicado. O vento é uma coisa que atrapalha bastante e o peso da pizza acaba influenciando bastante", disse ─Pepperoni foi o sabor escolhido. "Tem que ser uma mais leve."

Não leva refrigerante

Além de chamar a atenção de quem viu o aparelho viajando pelos céus de Santo André, o teste com o drone gerou piadas enciumadas entre os motoboys que trabalham na pizzaria. "Falaram que o drone não leva refrigerante", ri. Não levou também maquininhas de cartão de crédito ou moedas para o troco. Se tivesse de entrar em operação, essas questões deveriam ser consideradas, diz Rodrigo Caminiti, da agência digital WebSnap, responsável pela estratégia de colocar o aparelho no ar.

Não é somente com refrigerantes e formas de pagamento que os donos da pizzaria devem se preocupar. Anac e FAB prometem averiguar o caso e encaminhá-lo às autoridades competentes ou abrir investigação para punir a pizzaria em caso de irregularidade. "Nenhuma aeronave remotamente pilotada, seja ela de aplicação civil ou militar, poderá decolar sem a autorização do DECEA [órgão que legisla sobre o uso do espaço aéreo]", informou a Aeronáutica. "Para aeronaves não certificadas, é aplicado o Certificado de Autorização de Voo Experimental (CAVE), cuja análise, aprovação e emissão cabe à Anac."

"Como foi um ensaio de voo baixo, a gente não chegou a entrar em contato com a Anac", diz Caminiti. Por conta disso, a Aeronáutica vai denunciar o fato ao Ministério Público Federal. Pedirá a aplicação de penalidades previstas no Código Penal. Já a Anac informa que o assunto foi levado à área responsável, mas não tem como dizer se "a operação foi feita ilegalmente".

A agência ressalta que, "para que seja feito uso comercial e em áreas povoadas, o usuário deve aguardar a regulamentação que deve entrar em audiência pública em breve". E completa: "É importante ressaltar que a regulamentação sobre o uso de drones está sendo estudada no mundo inteiro, para que os normativos sejam preparados para atender a demanda atual, visando a segurança das operações".

A pizzaria Vero Verde, porém, não está sozinha nesse impasse diante de uma legislação ora restritiva ora por fazer. A empresa que a inspirou, a Amazon, começa a procurar outros países para testar seus drones, porque os EUA ainda não possuem lei que permita o voo dessas máquinas pelos céus. O Brasil é forte candidato a não estar entre os possíveis destinos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul