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Em oito dias, três tragédias aéreas mataram 464 pessoas

Número é maior que o total de mortes na aviação comercial do ano passado.
Entidade defende que 'voar é seguro' e historiador vê 'coincidência'.


Tahiane Stochero
Do G1, em São Paulo

Nesta sexta-feira, o presidente da França, François Hollande, afirmou que não há sobreviventes no acidente do avião da Air Algérie que caiu no Mali. Desde a última quinta-feira (17), uma sequência de três tragédias com aviões resultou em 464 pessoas mortas em apenas oito dias.

Dados da Organização Internacional de Aviação Civil (Icao) mostram que essas 464 vítimas já superam o total de mortes na aviação comercial em cada um dos três anos anteriores. Em 2013 foram 173 mortes em 90 acidentes; em 2012, 388 mortos em 99 quedas e, em 2011, 372 mortos em 118 casos.

Já em 2010, segundo a Icao, foram 626 mortos em 104 acidentes e, em 2009, 655 vítimas em 102 casos.

O Icao, que trabalha pela segurança aérea global, afirma que houve redução do número de acidentes pelo mundo nos últimos cinco anos. Em 2013, a taxa ficou em 2,8 acidentes a cada um milhão de partidas comerciais.

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) afirma que, apesar dos últimos acidentes, "voar continua sendo seguro". "A maior prioridade de todas as empresas é segurança", ressalta o órgão. Segundo a Iata, o caso do Boeing abatido na Ucrânia foi "um crime" e um "ataque contra o sistema de transporte áereo, que é um instrumento para a paz".

"Foi uma semana muito triste para todos que trabalham envolvidos com aviação", acrescentou a organização.

Pelos dados da associação, o ano de 2013 fechou com 210 mortes envolvendo a aviação de transporte de passageiros. Segundo o órgão, a média anual vítimas no setor, nos últimos 5 anos, é de 517 mortes.

O Escritório de Arquivos de Acidentes Aéreos (B3A), organização civil internacional com sede em Genebra e que computa dados de tragédias da aviação desde 1918, afirma que neste ano já houve 68 acidentes aéreos, com 991 vítimas no total – incluindo todos os tipos de aeronave, e não só comerciais. Em 2013, o órgão havia registrado 137 colisões e 453 mortes.

O ano em que houve mais vítimas de acidentes de avião, segundo o B3A, é 1972 – quando morreram 3.344 passageiros e tripulantes.

'Coincidência'

“Não há como dizer que esta foi a pior semana da aviação comercial, já houve outras semelhantes. Não está caindo avião. O que coincidiu é que, nesta semana, dois caíram e um foi abatido ao sobrevoar uma área de guerra”, afirma o historiador Ivan San'tana, autor de livros sobre as maiores tragédias aéreas brasileiras.

San'tana afirma que o pior dia para a aviação civil foi, "sem dúvida", 11 de setembro de 2001, quando morreram 2.996 pessoas devido à queda de quatro aeronaves nos Estados Unidos – duas delas se chocaram contra as torres do World Trade Center, em Nova York.

"Mas foi um ataque terrorista”, relembra ele. “O número de acidentes aumenta porque o tráfego aéreo cresce. Mas o número de mortos anual vem diminuindo”, afirma.

Outras grandes tragédias

Em 27 de março de 1977, 583 pessoas morrreram após a colisão de um Boeing da KLM com um avião da Pan Am no Aeroporto de Los Rodeos, na Ilha de Tenerife, no Arquipélago das Canárias (Espanha). O episódio ficou conhecido como “o desastre de Tenerife” e provocou mudanças na tecnologia da aviação.

Já em agosto de 1985, 509 passageiros e mais tripulantes morreram a bordo de um Boeing 747 da Japan Airlines que sofreu descompressão e caiu em uma montanha perto de Tóquio.

Em março deste ano, outro Boeing 777-200 da Malaysia Airlines, que seguia de Kuala Lampur para Pequim, desapareceu em uma área fora da sua rota original, enquanto sobrevoava o Oceano Índico. No voo MH370 iam 239 pessoas a bordo. O paradeiro da aeronave ainda é um mistério.

No Brasil

As três maiores tragédias da aviação brasileira deixaram, 581 mortos no total.

Em 1º de junho de 2009, um Airbus A-330 da Air France que fazia o voo AF447 na rota Rio de Janeiro-Paris perdeu sustentação e caiu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo. Relatório da investigação apontou que o copiloto adotou um procedimento equivocado após não entender o que ocorria devido ao congelamento do pitot (sensor de velocidade) em altitude elevada.

Dois anos antes, em julho de 2007, outro Airbus, dessa vez da TAM, procedente de Porto Alegre (RS), varou a pista ao pousar no aeroporto de Congonhas (SP) colidindo com um galpão da companhia do outro lado de uma avenida. Houve 199 mortos e 13 feridos.

Já em setembro de 2006, um Boeing da companhia aérea Gol que fazia o voo 1907 colidiu com um jato Legacy que estava com o sensor de localização desligado e caiu em um trecho de mata fechada no norte do Mato Grosso. Todas as 154 pessoas que estavam a bordo do Boeing morreram.

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